A.P.




Finalmente acedi a visitar o ter apartamento, o teu refúgio, como lhe chamavas. Dizias nunca ter outra mulher lá entrado, e eu entendia ser isso uma tanga, conversa de gajo para que as gajas caíssem, mas pude verificar que era mesmo verdade. Tinhas uma casa de bachelor, nada evidenciava que jamais outra mulher tivesse pisado os teus maravilhosos tapetes negros. A decoração era basicamente em pretos e brancos, muito minimalista, com fotos tuas, dignas de um book e de trabalhos de modelo. Como poderia um homem assim ainda não ter ninguém? Não serias demasiado bom para ser verdade?

Deixaste-me ver tudo com calma. Mostras-te-me todas as divisões, adorei o escritório, era bem mais descontraído, muitos livros espalhados, mais cor, muitas fotos tiradas por ti e largadas de forma algo desarrumada, mas convenientemente posicionadas. A tua casa de banho estava imaculada e pareceste ler os meus pensamentos ou reparar na minha expressão facial.

- Tenho uma emprega diariamente e ela é bem mais exigente do que eu em tudo o que faz.
- Fantástico, também quero uma assim.

O quarto foi deixado, julgo que estrategicamente, para o fim. Uau! Adorei-o, cama king size, muita luz, muito azul e um retrato teu pintado e aqui mais uma vez, antes que eu falasse...

- Foi a minha mãe, herdei dela o jeito para os pinceis!

De repente começaste a acariciar-me os cabelos, olhavas-me fixamente, como que se me visses pela primeira vez, estavas tão perto que te conseguia ouvir respirar. A tua mão foi percorrendo todo o meu corpo e face, tocando e descobrindo o que já deverias adivinhar. Eu tentava controlar a minha vontade de te pedir que me fizesses tua, ali, naquele momento em que também percebera o que nos movia a ambos.

Foste muito meigo, tranquilo e mostraste-me o quanto me querias. Nunca falámos, sentimo-nos apenas e tivémo-nos. Foi mágico, no teu canto, que abriste para mim, para me teres. Fui tua e sei que o serei muitas mais vezes, porque já entrei na tua vida!.

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