De que forma conseguimos reconhecer quem já nos pertenceu?

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Já fomos apenas quem importou, no mundo que conhecíamos e do qual partimos juntos, como começámos. Para lá do meu rio existia o teu e sempre que eu estava no único lugar que me pacificava a mente, tu estavas por perto, olhando-me e parecendo ver e sentir o que eu via e sentia, mas sem nos falarmos, sem nos tocarmos e sem passar dos nossos lados de um rio diferente, não porque tivesse outro nome, ou corresse em direcções erradas, mas porque eram diferentes nas margens dos nossos mundos.

Porque será que os grandes amores apenas acontecem pela inevitabilidade? Porque queremos sempre o que não podemos ter? Porque olhamos de outra forma para quem é realmente diferente, mas passa a fazer parte do que sabemos precisar e ser certo?

Ninguém nos disse que não nos poderíamos ter, mas não seria preciso, toda a nossa diferença o gritava a cada dia, em todas as formas de estar e de viver.

Para lá do meu rio estavas tu, o homem que mudaria até a forma como usava os sentidos, que me ensinou como se pode e deve toca uma mulher e mal fui tocada passei a querer-te como nunca me tinha sido explicado ou sequer sonhado. O teu lado de lá misturou-se com o meu e nunca mais nos largámos, fomos tão intensos, numa entrega tão real e expressiva, que ninguém se atreveu a contrariar.

Os olhos dos meus pais abriram-se de pasmo quando nos viram, mas inundaram-se de lágrimas sinceras quando nos ouviram falar. Quando todas as fibras dos nossos corpos, aparentemente frágeis, se fortaleceram para que não tivessem dúvidas de que ficaríamos juntos e que seríamos ambos o que o comum dos mortais sonha sentir. Reconhecemo-nos, já teríamos sido um do outro e nada nem ninguém o poderia impedir, mesmo que tentasse. A nossa história não teria o final de um Romeu e Julieta, porque não admitiríamos que parassem o que já tinha começado há muito.

Sou eu que escrevo, enquanto me olhas e esperas paciente que deixe para a posteridade o que deverá ser lido. As nossas emoções. As partilhas. A construção de cada dia. Os ajustes. Os pés juntos e sempre quentes no final de cada dia. A nossa alegria natural e segura, porque seguro era o que tínhamos e eu queria documentar, para que os nossos filhos nunca arriscassem ter menos do que nos sentiriam viver. Acabámos juntos, como seria previsível. O que eu planeava escrever foi escrito. Todo o amor que pensava dar-te foi-te entregue, comigo em cada gesto, contigo na forma como recebias e me davas de volta.

"Que ninguém duvide, um minuto que seja, que se não te tivesse encontrado, teria continuado a procurar-te sem nunca parar, sem nunca pensar em qualquer outra alma que não aquela que agora me pertence e carregarei até que todas as vidas tenham sido gastas e todo o nosso amor preenchido." 

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